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Tudo que ainda não te contaram sobre a febre


Cerca de 25% das consultas pediátricas de pronto-socorro são motivadas pela febre! É um número bastante alto! Será que a febre é motivo realmente de levar a criança ao PS? Claro que não!


A febre é um sintoma comum nas crianças e sua maior causa é geralmente infeções virais autolimitadas. A criança apresenta 2 ou 3 dias de febre, sendo que durante essas 72h, as temperaturas tendem a ficar cada vez mais baixas, os episódios acontecem em uma frequência cada vez menor, e por fim, ela vai embora, significando que o sistema imune da criança conseguiu combater o invasor.


E pronto! Segure a ansiedade! Expor a criança a visitas frequentes no pronto-socorro pode ser até danoso. O ideal é ter o contato com seu pediatra e ir manejando o sintoma em casa mesmo.


Quando a febre persiste por mais de 48h-72h, ou quando os episódios vão ficando cada vez mais frequentes e em temperaturas cada vez mais altas, é hora de acionar o pediatra da criança, pois nesses casos uma avaliação clínica em consultório ou no serviço de emergência é necessária.


SINAIS DE ALERTA DA FEBRE


Recém-nascidos: a qualquer episódio de febre (nesse caso, não devemos esperar as 48-72h – qualquer episódio, é qualquer episódio!) precisam de avaliação médica e coleta de exames laboratoriais.


Criança saudável, em bom estado geral, sem nenhum outro sinal ou sintoma também deve ser investigada em caso de persistência da febre.


Falta de apetite, apatia, pouco interesse em brincar, em mamar mesmo nos intervalos sem febre, baixa ingesta de líquidos e grande irritabilidade são outros sinais de que a febre pode estar sendo um problema para sua criança.


COMO TRATAR A FEBRE?


Quando esse sintoma começa a incomodar a criança, é hora de tomar medidas para melhorar a situação. Febre geralmente causa desconforto, dores no corpo.


Saiba que existem medidas não farmacológicas e farmacológicas que ajudam a baixar a temperatura da criançada, fazendo com que eles passem por isso de forma mais confortável.


MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICA


Dentre as medidas não farmacológicas, você pode manter a criança sempre bem hidratada, oferecendo bastante água. Pode dar um banho mais morno (nunca frio! Isso causa muito desconforto), compressas frias na cabeça, repouso e colo!


MEDIDAS FARMACOLÓGICAS


Dentre os medicamentos mais usados, temos: Acetaminofeno, Dipirona e Ibuprofeno. Essas medicações não podem ser usadas por crianças de qualquer idade e deve-se respeitar a dose e intervalos adequados de cada uma. Para isso, consulte e converse com seu médico pediatra. Pode ser trabalhoso a administração de medicamentos, pois a criança não gosta, foge, corre, fecha a boca e até apresenta vômitos.


Os medicamentos têm um gosto ruim propositalmente! Isso evita intoxicações! Imagine se as crianças adorassem os remédios, o perigo que isso traria às famílias seria bastante grande. Eles aprontam todas e no primeiro vacilo, tomariam todo o frasco acessível.


A FEBRE PODE DAR CONVULSÃO?


A convulsão febril é um evento BENIGNO que ocorre em crianças acima de 1 mês de vida, surgindo geralmente por volta dos 6 meses e acomete até 5% das crianças até os 5 anos de idade. Crises convulsivas que acontecem fora de episódios febris devem OBRIGATORIAMENTE ser investigadas pelo pediatra, que em seguida, deve encaminhar o paciente ao serviço de neurologia pediátrica.


O principal fator de predisposição é a herança familiar! Ou seja, se você não teve crises convulsivas febris na infância, pouco provável que seu filho tenha! O seu diagnóstico depende de uma boa história clínica, exame físico minucioso geral e neurológico. Essas crises costumam ser curtas, com duração de segundos, ou poucos minutos, mas que para os pais, parece uma eternidade!


Na primeira crise, sempre há mais preocupação por parte dos pais e do pediatra, pois uma infecção do sistema nervoso central, como a meningite por exemplo deve ser excluída. Se a criança apresentar outros sinais e sintomas sugestivos de meningite, for menor de 6 meses, e não tiver suas vacinas atualizadas, ela precisa realizar a coleta de líquor ou punção lombar.


A boa notícia é que o tratamento da convulsão febril é apenas resolver a febre, pois esse foi o gatilho para que a crise começasse. Cerca de 30% dos casos apresentam recorrência, ou seja, de acontecer novamente em outro quadro de febre por qualquer outro motivo. Apenas 2% a 4% das crianças com esse quadro, apresenta epilepsia no futuro.


Importante: a temperatura mais alta NÃO significa maior risco de convulsão febril, ok?


Nesse quadro você precisa sim ter acesso ao serviço de emergência e informar o seu pediatra. Após observação clínica por algumas horas, excluídas causas de infecções do sistema nervoso central, a alta é segura! As internações ficam reservadas para os casos de crises prolongadas, complexas ou que se repetem nesse período de observação no pronto-socorro.


Texto: Dra. Geiza Nhoncanse

Pediatra – CRM 166942 / RQE 83466


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