Para ficar bem claro, as infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são um grande conjunto de doenças, dentre as quais:
1.Resfriado comum
2.Amigdalite
3.Laringite
4.Faringite
5.Epiglotite
6.Otite
7.Sinusite
8.Síndrome Gripal
9.COVID-19
Todas elas, no período inicial, podem apresentar sintomas bastante parecidos, com quadro de febre, tosse, coriza, nariz entupido, dor de cabeça e dor no corpo. Nas crianças é comum o surgimento de falta de apetite, irritabilidade, dificuldade para dormir, dor de garganta e para engolir, sensação de ouvido tampado.
O resfriado comum é a doença mais comum do grupo das IVAS, sendo basicamente uma inflamação da cavidade nasal, causada por vírus, que podem ser muitos! Rinovírus, influenza, Sincicial respiratório, Parainfluenza, Adenovírus, Coronavírus, Enterovirus, entre outros. Os períodos de maior ocorrência desses vírus na população são de abril a julho.
Os sintomas aparecem de 12h até 14 dias após a exposição ao vírus e nas crianças, os sintomas podem ser mais exuberantes, com uma duração de até 2 semanas!
O diagnóstico é clínico, não necessitando de exames laboratoriais nos quadros de evolução habitual.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DO RESDRIADO COMUM?
Embora o resfriado comum seja uma infecção autolimitada e de curta duração, ele pode evoluir com uma complicação bacteriana secundária, como por exemplo:
1. Otite média aguda – até 30% dos casos
2. Sinusite aguda
3. Pneumonia
4. Asma (exacerbação da condição de base)
5. Bronquiolite
No caso das otites e sinusites, o acúmulo de secreção, especialmente quando não fazemos a prática da lavagem nasal constante, pode tornar o ambiente mais propício a infecções bacterianas secundárias. Pneumonias, bronquiolites e crises de asma são causadas quando o vírus, que se limitava às vias aéreas superiores, chega aos brônquios, bronquíolos e pulmões (via aérea inferior).
Aquela febre, que está persistindo por mais de 2 ou 3 dias, que começa a ficar mais frequente e elevada; a criança que fica mais indisposta, irritada, sem apetite, prostrada durante o resfriado, pode estar apresentando alguma dessas complicações e precisa ser avaliada pelo pediatra!
GRIPE E RESFRIADO SÃO A MESMA COISA?
Definitivamente não!
A síndrome (conjunto de sinais e sintomas) gripal pode ser causada por diversos vírus, muitos em semelhança com os quadros de resfriado comum. Entretanto, a Gripe – doença - é aquela causada pelo vírus Influenza (A – H1N1 / H3N2 ou B), que podem ser detectados por testes rápidos, cultura de vírus ou PCR e para os quais dispomos de vacinação anual contra Influenza, como estamos observando o início da campanha 2021 recentemente.
Quando não temos os testes disponíveis ou quando não indicados, podemos fazer apenas o diagnóstico de síndrome gripal (quando não sabemos qual vírus está causando a doença) e não de gripe!
A Síndrome gripal é definida como:
Para maiores de 6 meses: febre de início súbito com tosse, dor de garganta e pelo menos um sintoma abaixo:
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Dor nas articulações
Para os menores de 6 meses: febre de início súbito com sintomas respiratórios (tosse, coriza, obstrução nasal) na ausência de outro diagnóstico específico.
MITOS E VERDADES SOBRE OS TRATAMENTOS DA GRIPE E RESFRIADO
O tratamento dos resfriados e síndrome gripal inclui medidas de manejo de sintomas. No caso de gripe confirmada por vírus Influenza, a depender do quadro clínico e se o paciente está em grupo de risco, existem antivirais que podem ser prescritos, como o Oseltamivir.
No entanto, para os demais casos, sabemos que o tratamento é simples: Analgésicos, antitérmicos, hidratação, lavagem nasal e repouso! Se a tosse estiver incomodando bastante a criança, o mel é um grande aliado para os maiores de 2 anos – com estudos bem feitos demonstrando eficácia.
Mitos: Não há estudo suficiente que comprove a eficácia do uso de vitamina C, antialérgicos, probióticos, medicamentos para aumentar a imunidade e antibióticos para esses casos e seu uso está contraindicado, principalmente dos antibióticos. O uso indiscriminado de antibióticos pode trazer prejuízo à saúde do paciente e também coletiva. Não faz sentido algum usar um antibacteriano no combate a uma doença viral.
Converse com seu pediatra!
Texto: Dra. Geiza Nhoncanse
CRM 166942 / RQE 83466
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